quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Eu não sou de ninguém...*



* Poema Inacabado de Florbela

Eu não sou de ninguém!... Quem estiver
À minha espera há de jorrar vertentes,
Que irão de encontro à lagrima qualquer;
Quem me quiser há de quebrar correntes!

Eu não sou de ninguém!... Quem me quiser
Há de ser luz do sol em tardes quentes;
Nos olhos de água clara há de trazer
As fúlgidas pupilas dos videntes!

Há de ser viração das caravelas,
Vento que enfuna, sacudindo, as velas,
Que faz ranger os gigantescos mastros!...

Há de ser Outro e Outro num momento!
Força viva, brutal, em movimento,
Astro arrastando catadupas de astros!

1.º quarteto e 1.º terceto: Marcelo Henrique
2.º quarteto e 2.º terceto: Florbela Espanca