segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A Tempestade


As nuvens se amalgamam com
O vento.
Tudo se torna tão denso.
A tempestade se aproxima.
Não adianta fugir
Por mais que se corra
ela vem no encalço
Resta render- me
Enfrentar...
E lavar a alma.
Depois, o clarear.
E a luz das estrelas
Voltam a me acompanhar.
Vai passar!

Texto e Foto:Vânia

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Ouvir Estrelas


Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo
Perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

(Olavo Bilac)"

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Canção para um Desencontro

Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.Deixa-me errar e me compreende
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões
e dessa escadaria de tua alma.
Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia.

Lya Luft

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A deriva


Se me deixas,
Se soltas minha mão
Caio em abismos
Se não me dás o norte,
Fico a deriva.
Só posso içar velas
Com um bom vento.
Pois te tenho como guia.
Se me deixas,
fico a sonhar com a maré.
Vânia

domingo, 1 de fevereiro de 2009

O Gato Tranquilo


" Ei-lo quieto, a cismar,
como em grave sigilo,
vendo tudo através a cor
verde dos olhos.
Onça que não cresceu, hoje é um gato tranquilo.
A sua vida é um "manso lago", sem escolhos.
Não ama a lua, nem telhado a velho estilo.
De uma rica almofada entre os suaves refolhos,
prefere ronronar, em gracioso cochilo,
vendo tudo através a cor verde dos olhos.
Poderia ser mau, fosforescente espanto,
pequenino terror dos pássaros;
no entanto,
se fez um professor de silêncio e virtude.
Gato que sonha assim,
se algum dia o entenderdes,
vereis quanto é feliz uma alma que se ilude,
e olha a vida através a cor de uns olhos verdes.

Cassiano Ricardo Leite *
imagem:http://www.mundo-dos-animais.com/gatos/