sábado, 11 de outubro de 2008

A Caminhada do EU





Caminhei, o dia e a noite!
Caminhada sem fim.
Procurando algo. Talvez amor?!
Cheguei cansada, exausta.
Sem nada conseguir.

Caminhei mais uma vez
Na estrada da solidão, procurando ninguém
Exigindo solidão ao meu redor.
Afinal parei....

Enxergando a minha frente
Uma baixada nojenta
Onde existem milhares
De seres a caminhar onde não há caminho,
Vivendo onde não há vida,
Morando onde não há morada,
Comendo do que não é comida,
Amando onde não há amor.

Continuei a caminhar
Fazendo de conta que não sabia
Que existiam outros EU.

Parei!
Doíam os pés apertados
Nos sapatos última moda.
Eu não podia ver os pés nus, feridos
Do outro eu que caminhava
Na mesma estrada
Rumo a Deus.
Ai me encontrei.

(Texto escrito em Janeiro de 1980, contava eu, 18 anos)